O processo de osseointegração do implante é considerado o sucesso desse tratamento, possibilitando ao paciente viver com esse dispositivo como se fosse um dente natural — isso porque o pino de titânio, devido a sua biocompatibilidade, fica incorporado ao osso de maneira natural.
No entanto, de que forma ocorre essa etapa? Qual seu tempo médio de duração? Quais fatores favorecem ou dificultam esse processo? Neste post esclareceremos todas essas questões!
Como ocorre o processo de osseointegração do implante?
A osseointegração, como o próprio termo indica, é a integração, de maneira estável e funcional, entre o osso — da mandíbula ou maxilar — e uma superfície de titânio. Esse fenômeno foi definido desde trabalhos das décadas de 1940 e 1950. Entretanto, somente na década de 1960, é que passou a ser utilizado dentro da Odontologia e da Implantodontia, sendo difundido, principalmente, pelos trabalhos pioneiros do pesquisador e médico sueco Dr. Per-Ingvar Brånemark.
No processo, o titânio não é rejeitado pelo organismo, pois as células ósseas acabam "envolvendo" a superfície desse material, incorporando-a a sua estrutura, o que permite ao implante ficar fixo. Desse modo, substitui exatamente a raiz dentária que, posteriormente, vai receber a prótese.
Dessa maneira, a osseointegração é considerada o sucesso da instalação do implante dentário, pois, se ela não ocorrer, esse dispositivo não é mais viável. Nesse caso, ele tem que ser descartado e é preciso que o paciente espere o tempo de cicatrização ou, dependendo do caso, no mesmo ato, um novo implante precisa ser instalado.
Em quanto tempo ocorre a osseointegração do implante?
Atualmente, a resposta para essa questão é: depende. Em 1960, o pesquisador Brånemark preconizava o tempo de espera de 4 a 6 meses — sendo 4 meses para os implantes instalados em mandíbula e 6 para os instalados no maxilar.
Com a tecnologia empregada nessa área, devido aos estudos e aos avanços de tratamento de superfície dos implantes, esse tempo foi reduzido para 28 e 22 dias. Isso acontece porque existem formas de acelerar o processo de osseointegração dos implantes. Por exemplo, é possível estimular a sinalização celular, agilizando esse fenômeno.
Além disso, é preciso considerar alguns fatores que vão interferir no tempo da osseointegração, como:
- a área em que o implante está sendo instalado;
- se é uma área enxertada ou reconstruída;
- se a região é muito ou pouco vascularizada;
- o implante que será utilizado;
- o tipo de tratamento de superfície desse implante.
Quais fatores favorecem ou dificultam esse processo?
A osseointegração pode não ocorrer da mesma maneira em todos os casos, visto que existem pontos que podem favorecer ou dificultar o processo. Desse modo, o implantodontista precisa avaliar alguns fatores, como:
Característica do paciente: em pessoas mais jovens, saudáveis e sem nenhuma para função, a osseointegração pode ter mais sucesso quando comparada a um paciente com mais idade, com algum problema no metabolismo ósseo, fumante ou com alterações sistêmicas;
Quantidade ou qualidade do osso: uma área que já apresenta ou apresentou alguma lesão, tem defeito ósseo ou é pouco vascularizada pode dificultar o processo;
Desenho e superfície do implante: a microgeometria da peça (rugosidade com que essa superfície é trabalhada) e a nanogeometria (nanoescala em que conseguimos transformar a superfície do titânio em uma superfície bioativa) podem favorecer a osseointegração.
Quais cuidados é preciso ter para o sucesso da osseointegração?
O planejamento cirúrgico desse tratamento é essencial para ter êxito no processo de osseointegração do implante dentário. Então, é preciso que o especialista analise:
- quantidade e qualidade do osso;
- condição sistêmica do paciente;
- se precisa de enxertia ou não;
- tipo de prótese que será utilizada.
Há ainda a questão cirúrgica, em que o leito deve estar bem preparado, ter a vascularização adequada, além de garantir a estabilidade primária desse implante (o torque com o qual é instalado). Isso é importante para que não sofra micromovimentos maiores que o necessário, a fim de não ocorrer fibrose.
Qual a importância de escolher os materiais adequados?
Para não ocorrer falha na osseointegração, é fundamental que o especialista sempre utilize produtos com garantia, registros adequados e embasamento científico para que tenha um respaldo comprovado em literatura de que aquilo funciona.
Além disso, ele precisa entender a característica e a peculiaridade de cada tipo de geometria de implante e o benefício dela frente à remodelação óssea, ao tipo de prótese que está prevendo para o paciente, assim como considerar a região de instalação.
Deve ainda trabalhar com fresas cortantes, ou seja, que ainda não perderam o fio. Quando isso ocorre, gera um superaquecimento do tecido ósseo, podendo levar à necrose e ao insucesso na instalação do implante.
Em resumo, o profissional precisa trabalhar com instrumentais dentro do protocolo indicado de utilização, com fresas e kits novos, além de ter um controle no pré e pós-operatório de acordo com as condições de cada paciente.
Com carinho,
Dr. Jean Martins Corrêa
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